quinta-feira, 22 de abril de 2010

Economia C

Cá estou eu novamente a escrever sobre a letra C, uma vez que este ano lectivo lecciono a disciplina de Economia C.
Quando alguém pensa em Economia, associa-a imediatamente ao C de Contas, Contabilidade, cálculos... daí, a pergunta que os meus alunos me fizeram na primeira aula : « professora, amanhã é necessário trazer calculadora?». Perante esta questão, apercebi-me de imediato o quanto os meus alunos estavam mal informados acerca da disciplina.
A Economia C, mais que transmitir conceitos económicos, pretende que os alunos sejam confrontados perante fenómenos da realidade económica mundial e que compreendam, analisem e problematizem os mesmos. Existem dois vectores que se interligam ao longo do programa da disciplina - Fenómenos pertinentes da Economia Mundial e a problemática do Desenvolvimento.
O objectivo é colocar o Cérebro dos alunos a trabalhar, Confrontá-los com problemas actuais, para estimular o seu espírito Crítico, incutindo-lhes princípios de Cidadania.
Queremos Cidadãos Conscientes e Civilizados, com massa Cinzenta a funcionar, para melhorarem o estado da nossa Economia, portanto, viva a Economia C!


Professora Marta Perú


quinta-feira, 26 de março de 2009

Factor C?

Este artigo que se segue é algo que escrevi há muito tempo atrás, mas continua actual porque parece ser que no nosso país o factor C -Cunha, ainda é muito valorizado no mercado de trabalho!


Em 1995 consegui obter um “ canudo” como prémio por cinco anos de esforço na Universidade de Évora , onde estudei Economia, a ciência da escolha da melhor aplicação a dar a um qualquer recurso escasso.
Eu não era um recurso humano escasso, pois era mais um dos milhares de “ doutores” existentes no nosso país, mas tinha a certeza de possuir qualidades que , se bem aplicadas, não me iriam deixar ser mais um dos investimentos a fundo perdido ( economicamente falando !).
Tentei entrar no mundo do trabalho, enviando o meu currículo para diversas empresas e instituições financeiras. Mas em várias ocasiões ouvi a seguinte frase : “ Se não possuíres o factor ‘C’, não vais longe!”. A expressão despertou em mim curiosidade e quis saber do que se tratava.
Se factor ‘C’ significasse coragem, credibilidade, confiança,concentração,competência, eu possuía tais atributos, só necessitava que me dessem a oportunidade de demonstrá-lo. Estava confusa , pois a expressão começou a fazer parte do vocabulário quotidiano dos portugueses e eu desconhecia o seu significado.
A única solução era perguntar directamente às pessoas que me rodeavam diariamente, perdendo o receio de parecer ignorante perante elas. Foi o que aconteceu, pois escandalizaram-se de uma recém-licenciada não saber que o´C´ significava CUNHA.
Cunha? Fui consultar o meu dicionário que dizia: “ Cunha- calço, empenho”. Compreendi que afinal o que me faltava para possuir uma profissão era empenho. Mas será que ninguém me daria a possibilidade de provar o contrário?
Uma colega economista riu-se para mim quando eu lhe perguntei como tinha conseguido o emprego no BPI e respondeu-me: “ Com uma cunha!” .
Dias mais tarde, explicaram-me que possuir uma cunha significa conhecer alguém influente que te pode inserir no mundo do trabalho sem grande esforço.
Tentei investigar quantos amigos meus estavam a usufruir de tal situação e cheguei à conclusão que afinal sou um recurso humano escasso, vou esperar que um dia a Economia me dê uma boa aplicação!

Professora Marta Perú